Bom dia mulheres!
Hoje resolvi postar sobre a malvada TPM (tensão pré-menstrual). Muitas mulheres sofrem deste mal. Ainda mais depois dos 30 vejo como se intensifica os sintomas como: dor de cabeça, ansiedade, indisposição e o sistema nervoso fica aflorado neste período. Ontem por exemplo, não resisti e comi um bombom, estava intensamente ansiosa e qualquer coisinha está me irritando. Acho até chato as vezes ser ríspida com aqueles que estão próximos e que convivem comigo. A TPM deixa você vulnerável e mal-humorada. É péssimo. O emagrecimento fica mais lento, o inchaço é mais visível e a atividade física não alcança os objetivos.
Faz parte! Veja que interessante a matéria que encontrei no blog do Dr. Drauzio Varella a respeito da TPM.
Tensão pré-menstrual
Mara Diegoli é médica, trabalha no Departamento de Ginecologia do Hospital das Clínicas e é coordenadora do Centro de Apoio à Mulher com Tensão Pré-Menstrual do Hospital das Clínicas da Universidade São Paulo.
Tensão pré-menstrual, ou TPM, é um tema que
interessa não só às mulheres, mas aos homens, especialmente. Ela se
caracteriza por um conjunto de sintomas e sinais que se manifesta um
pouco antes da menstruação e desaparece com ela. Se eles persistirem,
não se trata da síndrome de TPM, que está diretamente relacionada com a
produção dos hormônios femininos.
Do ponto de vista dos hormônios sexuais, os homens são muito mais
simples do que as mulheres. Eles fabricam testosterona cuja produção
começa a cair inexorável e lentamente a partir dos 20, 30 anos de idade.
As transformações que essa queda provoca no humor masculino são, de
certa forma, previsíveis e é por isso que as mulheres dizem que os
homens são todos iguais.
Com elas, é diferente. A concentração dos hormônios sexuais varia no
decorrer do ciclo menstrual. Assim que termina a menstruação, tem início
a produção de estrógeno, que atinge seu pico ao redor do 14º dia do
ciclo, quando começa a cair e a aumentar a produção de progesterona. O
nível desses dois hormônios, porém, praticamente chega a zero durante a
menstruação.
Portanto, em cada dia do mês, a mulher tem uma concentração de
hormônios sexuais diferente da do dia anterior e diferente da do dia
seguinte. O impacto que isso provoca no humor feminino também oscila de
um dia para o outro. Por isso, os homens dizem que as mulheres são
difíceis de entender.
DEFINIÇÃO E PRINCIPAIS SINTOMAS
Drauzio – O que é tensão pré-menstrual e quais seus principais sintomas?
Mara Diegoli – Tensão pré-menstrual, ou TPM, é o
nome que se dá a uma série de sintomas que se manifestam antes da
menstruação. Mas, é preciso estarmos atentos: eles têm de sumir com a
menstruação. Caso não desapareçam, não se trata de tensão pré-menstrual.
Os sintomas são variados: irritabilidade, depressão, dor nas mamas e
agressividade, que pode e deve ser controlada. Dor de cabeça é outra
queixa frequente. A mulher também chora fácil sem saber exatamente por
quê e pode explodir sem motivo.
Drauzio – Isso quer dizer que se os sintomas se mantiverem
depois da menstruação não podem ser atribuídos à tensão pré-menstrual?
Mara Diegoli – Essa é uma observação muito
importante, porque qualquer doença psiquiátrica (a depressão, por
exemplo) ou clínica, como a dor de cabeça crônica, podem piorar nesse
período. Por isso, não adianta classificar tudo como tensão
pré-menstrual, uma vez que seus sintomas aparecem alguns dias antes,
pioram na véspera da menstruação e desaparecem com ela.
Drauzio – Quantos dias antes, mais ou menos, eles se manifestam?
Mara Diegoli – É variável. Há pessoas em que
aparecem 15 dias antes e outras que só se alteram um ou dois dias antes
da menstruação. Neste caso, a mulher está tranquila; de repente, é
acometida por dor de cabeça e, no dia seguinte, menstrua. Ou, então, no
dia que antecedeu a menstruação, estava no trabalho e aparentemente sem
motivo começou a brigar com todos os colegas.
PRINCIPAL CAUSA DA MUDANÇA DE HUMOR
Drauzio – Em termos gerais, qual a explicação para essa mudança de humor?
Mara Diegoli – A principal causa está associada à
produção de serotonina, uma substância produzida pelas células nervosas e
que, na mulher, oscila de acordo com o período do ciclo menstrual. A
serotonina atua sobre o humor das pessoas. Quando seu nível no organismo
está alto, ficamos alegres, felizes, bem-humorados. Quando ele cai,
ficamos mal-humorados e queremos comer doces para compensar.
Sabe-se que no período pré-menstrual há uma queda nos níveis da
serotonina. Sabe-se também que, diferentemente dos hormônios do homem,
os hormônios femininos interferem com a produção da serotonina. Isso
explicaria os sintomas psíquicos, enquanto os físicos resultam
principalmente da própria alteração hormonal.
É claro que não são todas as mulheres que sofrem de tensão
pré-menstrual. Algumas são mais sensíveis; em outras, a TPM se manifesta
apenas em determinada época da vida.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Drauzio – Quais foram os piores casos que você encontrou na clínica?
Mara Diegoli – Vamos contar um pouco de história. Em
1953, Katrine Dalton, uma doutora famosa na Inglaterra, começou a
perceber que ficava diferente no período em que menstruava e decidiu
investigar por que isso acontecia. Seu trabalho de campo foi realizado
em prisões e hospitais. Nas prisões, constatou que um número maior de
homicídios ocorria em determinadas fases do ciclo menstrual e, nos
hospitais, que aumentava o número de acidentes com os filhos e com as
mães, que ficavam mais distraídas nessas fases. Ela exagerou totalmente,
porém, quando concluiu que a mulher era dominada por seus hormônios no
período pré-menstrual.
Dra. Katrine não percebeu que estava incluindo, no universo
analisado, todas as doenças psiquiátricas que, sem dúvida, pioram nesse
período.
À paciente que diz – “Coloquei fogo no colchão porque tenho TPM.” –
nós explicamos que isso não é TPM. A mulher com TPM tem consciência do
que faz e precisa aprender a controlar-se. Se não o fizer, é ela quem
sairá perdendo. Na verdade, só conseguimos atingir o autocontrole e um
bom desempenho, quando se sabe exatamente o que está acontecendo
conosco.
Por isso, no Hospital das Clínicas, a primeira conduta é identificar
os casos de TPM e separá-los das outras síndromes psiquiátricas ou
clínicas. A mulher precisa saber que TPM existe e que estamos ali para
ensiná-la a lidar com o problema. Mulheres sempre tiveram esse
distúrbio. Hoje, porém, com sua inclusão no mercado do trabalho, elas
estão sobrecarregadas. Correm para levar os filhos à escola, correm no
trabalho e, na volta, têm de dar conta dos serviços da casa e dos
cuidados com a família. Por isso, atualmente, os sintomas da TPM são
mais intensos, mas não justificam em absoluto atitudes malcriadas,
agressividade, brigas, nem perder a paciência e bater nas crianças.
FATORES PREDISPONENTES
Drauzio – Existe uma diferença no comportamento fisiológico
da tensão pré-menstrual. Há mulheres em que a TPM praticamente inexiste e
aquelas que sofrem muito nessa fase.
Mara Diegoli - Eu destacaria três fatores para
explicar a TPM. O primeiro é o hereditário. Pessoas cujas mães
apresentaram TPM têm maior probabilidade de desenvolver a síndrome.
O segundo é o fator externo. A mulher pode não ter TPM se estiver
atravessando uma fase boa da vida e a serotonina sendo produzida em
quantidade adequada, mas pode apresentar se estiver passando por
situações difíceis, como doença na família, dificuldades econômicas,
divórcio, pressão no trabalho. Nesses casos, o nível da serotonina, que
já deve estar baixo, cairá mais ainda na segunda fase do ciclo
menstrual, quando for produzido o hormônio que o derruba mais ainda.
O terceiro é o fator endógeno. Há mulheres mais sensíveis a mudanças
hormonais e as menos sensíveis. Estas podem não ter TPM ou tê-la de uma
forma mais gostosa. Por exemplo, conheci uma mulher que pintava a casa
nesse período, o que era uma forma agradável de dissipar a ansiedade e
tensão que sentia.
INFLUÊNCIA DA FAIXA ETÁRIA
Drauzio – Como flutua a TPM em função da faixa etária. Ela é mais comum nos jovens ou entre as pessoas mais velhas?
Mara Diegoli – Depende do sintoma. Um trabalho que
realizamos no HC, em que foram entrevistadas 2.000 mulheres, evidenciou
que a TPM é mais frequente após os 30-40 anos de idade, dado corroborado
pela literatura médica sobre o assunto. Antes dessa idade, elas nem
percebem que vão menstruar. A adolescente chega à escola e de repente
sangra e tem cólica, o sintoma mais comum nessa faixa etária. No
entanto, aos 30-40 anos, ocorrem com mais frequência os sintomas
psíquicos. Elas se sentem mais cansadas e irritadas um ou dois dias
antes de menstruar.
Portanto, em adolescentes os principais sintomas são físicos: dor de
cabeça e cólica. Deve-se tomar cuidado para não confundir a TPM com
possíveis alterações psíquicas características da crise da adolescência,
uma fase de transformação tanto do humor quanto do comportamento, uma
vez que essas alterações podem agravar-se no período pré-menstrual.
FAZENDO O DIAGNÓSTICO
Drauzio – Quando você recebe uma mulher com queixas de tensão
pré-menstrual, como faz para ter certeza de que se trata mesmo desse
problema?
Mara Diegoli – A mulher pode e deve fazer o
diagnóstico em casa. Para tanto, basta anotar num calendário os dias em
que está triste, irritada, com dor de cabeça, chorando fácil e o dia em
que menstruou. Se os sintomas começarem um pouco antes e desaparecerem
durante a menstruação – não precisa ser no primeiro dia – ela tem TPM.
Drauzio – Obrigatoriamente, os sintomas têm de desaparecer durante a menstruação?
Mara Diegoli – Eles têm de cessar até o fim da
menstruação. Caso se prolonguem, não é TPM. Por isso, para estabelecer
um diagnóstico preciso, é importante a mulher observar o que sentiu
durante o mês inteiro. Se ficou com dor de cabeça, irritada, deprimida,
sem querer sair de casa, chorando à toa, é bom verificar se está perto
da menstruação. Assim, também fica mais fácil aprender a controlar-se.
Enquanto faz o gráfico e anota os sintomas, ela pode constatar que está
entrando na fase da TPM – “Puxa, por isso gritei com meu filho e ia
brigar com ele” – e começar a acionar alguns mecanismos para combater os
sintomas dessa síndrome.
MECANISMOS PARA COMBATER OS SINTOMAS
Mara Diegoli – O mais importante de todos é o
autoconhecimento. Ninguém pode trabalhar com uma coisa que não conhece,
nem ter bom desempenho profissional, social ou familiar. Os hormônios
mudam nosso humor? Mudam. Vamos, então, trabalhar com eles. A mulher já
venceu tantos obstáculos que conseguirá vencer mais esse facilmente,
desde que queira.
Ela sabe que a mudança dos hormônios vai alterar o seu humor, está
anotando no calendário e já percebeu que anda mais irritada. Vamos supor
que esteja marcada uma reunião com o chefe. Se for à reunião e despejar
tudo o que tem vontade e acha que ele deve ouvir, com certeza vai
perder o emprego, o que é justo porque não se pode falar tudo aquilo que
se pensa. Peneirar o que se diz ajuda a tornar o mundo melhor.
Terminar o namoro pode ser uma idéia mais antiga, mas é conveniente
que espere a TPM passar. Nesse caso, há até algumas dicas para os
namorados. Evitem estar junto, discutir assuntos sérios ou tomar
decisões definitivas nesses dias. Se a esposa está na fase de TPM e
começou a ficar brava, o marido pode pegar os filhos para passear a fim
de não entrar em atrito com ela, afastando assim a possibilidade de
agressões mútuas que não têm cura. A TPM pode passar, mas o que foi dito
ou feito jamais será esquecido.
Por isso, é fundamental que a mulher aprenda a controlar-se. Se
estiver diante de uma situação difícil, procure adiar a solução para
depois que menstruar, quando seu comportamento será diferente. Numa
reunião de trabalho, é mais profissional dizer ao chefe que vai analisar
um assunto polêmico e depois mandar um relatório por escrito do que ter
um destempero e perder o emprego.
Exercícios físicos ajudam muito, porque reduzem a tensão, a depressão
e melhoram a autoestima. Está brava, vai dar uma volta no quarteirão,
fazer ginástica ou arrumar um armário, que se sentirá melhor.
Drauzio – Existe algum tipo de exercício físico mais adequado?
Mara Diegoli – O que mais se recomenda é o exercício
aeróbico, mas nem todas podem fazê-lo. Pular, jogar tênis seria o
ideal. No entanto, andar a pé ou de bicicleta em volta do quarteirão,
arrumar o jardim ou dançar também resolve. O importante é descarregar a
tensão e a ansiedade.
No que se refere à alimentação, existem inúmeras dietas para a TPM,
mas basta usar o bom senso. Se a mulher fica inchada, deve comer menos
sal; se tem dor de cabeça, que evite fumar e se está ansiosa, não coma
nem beba coisas que possam agravar o quadro.
Drauzio – Que tipo de alimentos deixa a mulher mais ansiosa?
Mara Diegoli – Sem dúvida alguma, o café deixa as
pessoas mais ansiosas. Portanto, é fundamental diminuir o número de
cafezinhos ingeridos nessa fase. O cigarro aumenta a insônia, um dos
sintomas típicos da TPM, e a dor de cabeça. Não fumar ajuda a dormir
melhor e, dormindo melhor, a ansiedade diminui. Alimentos que aumentem a
diurese, por exemplo, chuchu, morango, melancia, salsa e agrião, ajudam
desde que a mulher esteja empenhada na própria melhora.
Drauzio – E o açúcar que papel desempenha nessa fase?
Mara Diegoli – Quando cai a serotonina, a mulher
sente compulsão por doces. Não há mulher que desconheça o desejo de
comer doces nos dias que antecedem a menstruação. O açúcar libera
endorfina, substância que transmite sensação de bem-estar, mas que
facilita a retenção de água no organismo. Doces engordam e, ao perceber
que a menstruação passou e ela não perdeu peso, a tendência é ficar
deprimida. Deve-se, então, substituir o doce por um alimento adocicado
que não contenha açúcar.
ALTERAÇÕES DA SEXUALIDADE
Drauzio – De que forma a TPM interfere no comportamento sexual feminino?
Mara Diegoli – Na minha tese de doutorado, entre
outras coisas, procurei estudar quais as alterações da libido feminina
que ocorrem com maior frequência e cheguei à conclusão de que 70% das
mulheres estão menos dispostas para a relação sexual na segunda fase do
ciclo, isto é, nos 14 dias que antecedem a menstruação. Assim que
menstruam, a libido aumenta. É claro que em 30% dos casos acontece
exatamente o inverso.
Por isso, aqui fica um conselho para os maridos. Se, embora mais
sensível e dolorida, ele se aproxima com carinho e ela corresponde,
ótimo! Isso vai melhorar o relacionamento e diminuir a tensão. Se ela,
porém, não estiver disposta, não force a barra. A menstruação passa e
ela volta a sentir desejo.
Drauzio – Essa fase de aumento da libido coincide mais ou
menos com a de aumento da produção de estrógeno. Você poderia falar
sobre a produção dos hormônios sexuais femininos durante o ciclo
menstrual?
Mara Diegoli – A produção dos hormônios femininos
oscila ao longo do mês. Durante a menstruação, ela não tem nem
estrogênio nem progesterona. O estrogênio é o hormônio da feminilidade,
que deixa a pele mais bonita, a mulher mais alegre, faz desenvolver as
mamas, arredonda o quadril e torna a voz mais suave. A partir da
menstruação, o nível de estrogênio começa a crescer e atinge o máximo
por volta do 14º ou 15º dia, fase em que ocorrem a ovulação e o aumento
da libido. A mulher fica mais fogosa, mais alegre e é preciso tomar
cuidado se não quiser engravidar.
Depois, o nível de estrogênio vai caindo e a mulher começa a produzir
progesterona. Segundo o próprio nome diz – pró-gestare -, trata-se do
hormônio da gestação, que prepara a mulher para a gravidez. Se por um
lado a deixa mais tranquila, por outro favorece a retenção de líquidos, o
aumento de pelos e diminui a imunidade. Em contrapartida, interrompendo
a ação do estrogênio, a progesterona impede, por exemplo, o
desenvolvimento de câncer de útero. Ela chega para trazer controle e
estabilidade, mas provoca alguns sintomas colaterais: inchaço,
depressão, aumento de pelos. A segunda fase do ciclo é um período
caracterizado por mais inércia e tranquilidade. As mulheres ficam um
pouco deprimidas e mal-humoradas, mais quietas e com menos libido.
De repente, os dois hormônios caem por volta do 26º, 28º dia e
desaparece o equilíbrio. A queda gradativa do estrogênio provoca os
sintomas típicos da TPM. Quando ele volta a crescer, a mulher se sente
melhor.
USO DE MEDICAMENTOS
Drauzio – Além dessas medidas gerais, exercícios físicos,
redução do sal, controle da impulsividade, há algum remédio indicado
para reduzir esses sintomas?
Mara Diegoli – As mulheres de hoje são felizes
porque a ciência e a medicina evoluíram muito e há uma série de
medicamentos que proporcionam melhor qualidade de vida para elas e para
quem convive com elas, porque TPM sempre existiu e vai continuar
existindo.
É importante ressaltar que sem tratamento a mulher não vai morrer nem
matar ninguém, mas vale a pena resolver o problema tendo em vista a
melhora da qualidade de vida.
Quando a TPM for leve, é suficiente tratar os sintomas. Se o problema
é dor de cabeça e ela não consegue ler nem escrever naquele dia,
prescrevem-se os remédios normais para combater a dor. Caso eles não
façam efeito, tenta-se controlar o problema com medicamentos que devem
ser tomados o mês inteiro.
Todos os tratamentos que indicamos no Hospital das Clínicas de São
Paulo têm o objetivo direto de tratar determinado sintoma. Nunca
generalizamos. Nunca é indicado o mesmo tratamento para todas as
pacientes.
Se a mulher tentou o primeiro tratamento e não melhorou, se pôs em
prática as medidas que indicamos e não melhorou, vamos passar para a
segunda etapa com medicamentos mais fortes que vão agir sobre o humor ou
sobre os hormônios. Os que mexem com o humor são a primeira opção para a
TPM intensa. Embora os sintomas físicos costumem responder bem aos
medicamentos, os psíquicos nem sempre o fazem.
Drauzio – Que tipos de medicamentos são esses?
Mara Diegoli - Antigamente quando a mulher falava –
“Estou triste, deprimida e chorando por qualquer coisa” – era mandada
para o psiquiatra, porque só eles sabiam indicar antidepressivos,
medicamentos potentes e com muitos efeitos colaterais. Aí, surgiram no
mercado os antidepressivos que só mexem com a serotonina e não provocam
efeitos colaterais de sono, nem dopam a mulher, impedindo que ela
trabalhe regularmente.
Na minha tese de doutorado, experimentei usar a dosagem mínima de um
antidepressivo bastante conhecido, o Prosac. Enquanto o mundo inteiro
indicava a dosagem de 20mg a 60mg, indicamos 10mg porque a mulher com
depressão por causa da TPM está trabalhando e vivendo normalmente. O
sucesso foi grande porque conseguimos provar que com essa dosagem menor é
possível afastar os sintomas sem provocar efeitos adversos.
Por que cresceu a vontade de achar cura para a TPM? Porque antes a
mulher ficava em casa e ninguém se importava se ela fazia ou não comida
para a família. Se brigava com o marido, o problema era só dele.
Entretanto, ela saiu de casa e ingressou no mercado de trabalho. Agora, o
problema não é só do marido e dos filhos, é de todos. Imagine uma
executiva não comparecer a uma reunião ou uma médica deixar de fazer uma
cirurgia. O prejuízo é imponderável. Espera-se que a mulher trabalhe e
produza. Assim, razões socioeconômicas associadas à força da mídia
incentivaram o empenho da indústria farmacêutica e dos donos do dinheiro
em resolver o problema. Por coincidência, ficou provado que alguns
medicamentos (a fluoxetina) criados para tratar de outras patologias,
como por exemplo a depressão, melhoram a TPM. A dosagem é diferente,
pois a doença é diferente. É o único? Não é. Existem outros.
Drauzio – A fluoxetina é indicada para as mulheres apenas durante a fase em que fica tensa ou durante o mês todo?
Mara Diegoli – Essa é a grande polêmica. No meu
primeiro trabalho, usei a metade da dosagem e provei que isso trazia
bons resultados. Surgiram, porém, outros trabalhos defendendo o uso
durante 15 dias, o que ainda é contestável, embora seja economicamente
vantajoso. No entanto, é preciso pensar que o medicamento leva no mínimo
de uma semana a dez dias para começar a agir. Por isso é que defendo
seu uso contínuo, mas há divergências na literatura a respeito do
assunto.
No entanto, vamos deixar bem claro que o antidepressivo só deve ser
empregado nos casos de sintomas da TPM muito intensos em que a alteração
do humor prejudica a vida da mulher.
Drauzio – A indicação desses medicamentos deve ser feita por
um médico. A mulher com TPM não pode se automedicar de jeito nenhum, não
é?
Mara Diegoli– Não pode. Na verdade, esses
medicamentos não são vendidos sem receita médica, o que ajuda a
controlar seu uso, e só devem ser indicados depois de avaliação
cuidadosa. Em muitos casos está provado que vale a pena usá-los.
Atualmente, estamos pesquisando se interromper o ciclo ou torná-lo
estável, evitando a oscilação dos hormônios, tem efeitos positivos sobre
a TPM.
RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES
Drauzio – Vamos resumir as recomendações para as mulheres em que a tensão pré-menstrual não é intensa.
Mara Diegoli – Primeira recomendação: aprenda a
conhecer-se. Anote diariamente o que está sentindo e os dias da
menstruação. Verifique se os sintomas aparecem alguns dias antes e
desaparecem com ela;
Segunda recomendação: não use a TPM como desculpa . Ela não é
desculpa para nada. Se a mulher tem TPM, precisa de tratamento, porque
ninguém é obrigado a aguentar seu mau humor. Saber controlar-se é
importantíssimo para quem quer crescer pessoal, social e
profissionalmente;
Terceira recomendação: exercício físico adianta e merece ser feito;
Quarta recomendação: evite compromissos importantes nos dias de
tensão, porque você pode tomar atitudes erradas. Tente adiá-los. No dia
seguinte, provavelmente você estará melhor Quinta recomendação: a
mulher precisa aprender a conhecer-se e a viver consigo mesma. Assim ela
melhora não só sua qualidade de vida como a de todas as pessoas
envolvidas direta ou indiretamente com ela.
Fonte: http://drauziovarella.com.br/saude-da-mulher/tensao-pre-menstrual-2/
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