Introdução
Quanto mais estudamos a vida de Abraão, mais nós ficamos
impressionados com a variedade de lições e verdades que extraímos
dela, e que podem ser de grande valor para a nossa jornada espiritual. A
narrativa é colorida pela época e lugares bem diferentes,
mas a natureza humana e as realidades espirituais nunca mudam.
I. Uma Teofania - versículos 1-8.
Deus tem através da história aparecido de muitas maneiras
para o Seu povo [Hebreus 1:1]. As várias aparições
de Deus no Velho Testamento são chamadas de Teofanias. Estas
não devem ser confundidas com a atual "encarnação"
do Filho de Deus [João 1:14]. No Velho Testamento, Deus aparecia
somente em forma de homem. Na encarnação, Cristo não
só tomou a forma de homem, como também permaneceu sendo Deus
[I Timóteo 3:16].
Alguns têm tentado ver nestes três homens uma alusão
a Trindade. Isto é ir longe demais. Enquanto um dos "homens" era
o Senhor [vers. 1, 13, 17, 22, 31], os outros dois eram apenas anjos [Gênesis
19:1].
Ao levantar a sua cabeça, Abraão notou a aparência
destes três homens. Imediatamente ele demonstrou respeito e ofereceu
sua hospitalidade. Nós só podemos imaginar como é que
Abraão notou alguma coisa de especial nestes homens. Não há
duvidas de que eles haviam uma dignidade nas suas aparências.
Note agora as duas lições que podemos aprender do exemplo
de Abraão:
A. A Importância da Hospitalidade. A atitude de Abraão é
um grande exemplo da hospitalidade Cristã [Hebreus 13:2]. A hospitalidade
é um dever amplamente esquecido hoje, mas freqüentemente ensinado
nas Escrituras [Mateus 10:42; Atos 4:34-35; I Timóteo 3:2]. A nossa
hospitalidade deveria ser exercida especialmente para com o povo de Deus.
(A hospitalidade Cristã não nos impede de tomar os devidos
cuidados nos negócios com estranhos). Alguns também se tornam
indignos da hospitalidade [II Tessalonicenses 3:10].
B. A Fé na Providência [vers. 5]. Abraão acreditava
que Deus controlava os eventos de sua vida. Enquanto ele não sabia
a razão daqueles homens estarem lá, ele havia aprendido que
nada acontece por acaso. Nós também deveríamos crer
o que os eventos de nossa vida estão sob o controle providencial
de Deus.
II. Uma Mensagem de Deus - versículos 9-15.
Enquanto eles estavam comendo, um dos homens repentinamente perguntou a
respeito de Sara. O fato de o estranho conhecer o seu nome (seu novo nome
- Gênesis 17:15) deve ter alertado Abraão de que quem estava
falando era Deus. O Senhor então repetiu a promessa de que Sara teria
um filho. Pelo fato do protocolo não permitir que Sara se misturasse
com aqueles estrangeiros, não é surpresa a encontrarmos sentada
em um lugar onde não seria vista, mas que pudesse ouvir a conversa.
Ela estava curiosa a respeito destes distintos hóspedes. Ao ouvir
que ela teria um filho, riu consigo mesma. Não somente ela havia
passado da idade de poder gerar um filho, como Abraão com noventa
e oitos anos, já estava longe de poder exercer a paternidade [Romanos
4:19]. Grande foi a sua consternação quando ela percebeu que
o estranho soubera de sua risada silenciosa. Ela imediatamente notou que
estes estranhos eram especiais. Em seu temor ela negou ter dado risada.
Esta atitude recebeu uma pronta e imediata repreensão [vers.15].
Como a nossa falta de fé ofende ao Senhor. Que pergunta Deus faz
no versículo 14! Que nós possamos viver nossas vidas como
aqueles que sabem que não há nada difícil demais para
o Senhor. Perceba que na repreensão do Senhor [vers.14] Ele simplesmente
repete Sua promessa.
Que a Palavra de Deus seja sempre suficiente para nós.
III. Deus Revela os Seu Plano - versículos 16-22.
Um importante princípio bíblico é revelado aqui. Deus
não esconde os Seus planos de Seus filhos [Salmo 25:14; João
15:15]. Somente os Cristãos sabem o curso e os resultados desta geração.
Note as duas razões pelas quais Deus não escondeu de Abraão
o Seu plano:
A. Abraão seria o recipiente de grandes promessas [ver.18]. Mesmo
hoje, os salvos têm um futuro abençoado com Deus, pelo qual
eles anseiam. Por que então Deus esconderia deles os Seus presentes
planos para este mundo?
B. Deus sabia que Abraão, diferente dos habitantes de Sodoma, instruiria
seus filhos no caminho da justiça. Deus nos responsabiliza por isso
[I Samuel 3:1-11].
IV. Abraão, o Intercessor - versículos 20-33.
Há dois temas importantes aqui:
A. A Justiça de Deus - Deus deixou claro que o Seu julgamento sobre
as cidades da planície estaria baseado em uma cuidadosa investigação
de seus pecados [vers. 20-21]. Deus nunca é injusto em Seus julgamentos.
Quando examinamos a Bíblia ficamos surpresos ao ver como a palavra
"justo" está ligada com o julgamento de Deus. O Senhor não
destrói o justo com o injusto, e não trata ninguém
com injustiça. Ao falar aqui como se fosse homem, nós sabemos
que Deus está utilizando uma linguagem de acomodação.
Ele sabe tudo a nosso respeito o tempo todo [Provérbios 15:3]. Tal
linguagem foi usada, e os dois anjos foram enviados a Sodoma, para que nós
pudéssemos claramente entender que Ele nunca executa um julgamento
sem um completo conhecimento.
B. A Necessidade de Intercessão [vers. 23-32]. Esta porção
da Escrituras é freqüentemente usada para mostrar a necessidade
da oração intercessora [I Timóteo 2:1]. Nós
como Cristãos, precisamos orar em favor dos perdidos e também
dos salvos. Abraão temia que Ló e outras pessoas justas fossem
destruídas. Suas ações servem de modelo para as nossas
orações intercessoras:
1. Ele veio diante do Senhor [vers.22].
2. Ele se aproximou de Deus [vers. 23]. Isto nos mostra a necessidade de
dedicarmos tempo em nossa vida espiritual para uma comunhão mais
intima com Deus. O propósito do jejum é buscar ao Senhor e
ao mesmo tempo nos aproximarmos Dele sem nenhuma distração.
3. Ele discutiu o problema. Deus deseja ouvir de nós aquilo que
Ele já sabe [II Reis 19:14-19]. O intercessor precisa trazer a situação
diante do Senhor.
4. Ele se lembrou das promessas que Deus havia lhe feito. Ele também
lembrou Deus de Sua própria natureza e os Seus próprios atributos.
Esta maneira de "raciocinar" juntamente com Deus a respeito de Suas promessas
e atributos é uma parte muito importante da oração.
Talvez isto fortaleça a nossa fé mais do que qualquer outra
coisa.
5. Abraão foi persistente [vers. 27, 30-33]. O Senhor exige persistência
na oração como um teste da profundidade de nosso desejo [Lucas
18:1-7; Mateus 15:21-28].
6. Ele era ousado e ao mesmo tempo reverente [vers. 27 e 32]. Existe tal
coisa como ousadia "santa" em nossa vida de oração.
7. Ele demonstrou grande compaixão. A compaixão é
um ingrediente básico da oração intercessora [Romanos
9:1-3].
Veja vários outros itens de importância espiritual:
A. Abraão foi bem sucedido em suas orações. É
verdade que Sodoma foi destruída, mas Deus concordou com todos os
seus pedidos. Abraão superestimou o número de justos de Sodoma.
Alguém disse que "Abraão terminava a oração
antes de Deus terminar a resposta".
B. O povo de Deus é o sal da terra. Dez santos em Sodoma teriam
preservado a cidade de ser destruída.
C. Tempos virão em que mesmo as nossas orações não
poderão salvar uma cidade ou nação. Nações
e cidades podem ir além da esperança de misericórdia
[Ezequiel 14:12-21]. Em qualquer tempo em que há poucos santos em
um lugar o julgamento está próximo.
Autor: Pastor Ron Crisp
Fonte: www.palavraprudente.com.br